Ser cauteloso, dar apoio ao outro, servir o outro sem esperar algo em troca, fazer companhia ou realizar as atividades de vida diárias, estar, sofrer, rir e chorar com o outro… isso é cuidar, isso é amar, incondicionalmente.
Tantas vezes as pessoas intituladas de “cuidadores informais” são esquecidas pela sociedade: desvalorizadas porque estão sempre em casa e “não têm trabalho”.
Esquecidas porque elas próprias esquecem-se de si mesmas em prol da pessoa que cuidam; desvalorizadas e “sem trabalho”, porque não têm tempo para mais nada a não ser para a pessoa que cuidam, que exige cuidados 24 sob 24 horas por dia.
É triste olhar uma sociedade que não apoia, não ajuda, não se solidariza com tantas centenas ou milhares de pessoas por este país fora que se dedicam a uma vida para o outro, sem terem oportunidade para olhar para a sua própria vida.
Estes cuidadores e cuidadoras têm nome, têm identidade, têm direito ao descanso, ao lazer, ao encontro com a família, ao encontro com os amigos, ao passeio, ao merecido tempo para se dedicarem a si próprios(as)… pois é…
Mas…estes homens e mulheres não o conseguem fazer porque, os seus familiares ou amigos de quem cuidam não podem ficar sozinhos(as) e, por vezes, não há quem queira cuidar deles(as).
Estatuto do cuidador informal…sim, finalmente aprovado, mas será isto suficiente?
Virá este estatuto verdadeiramente valorizar estas pessoas que são autênticas heroínas?
Virá este estatuto possibilitar a estas pessoas sair de casa por umas horas e dedicar um pouco do tempo a si próprias?
Tantas lágrimas derramadas, rostos marcados pelo cansaço, doenças que surgem originadas pela exaustão, filhos que se dedicam inteiramente aos pais colocando de parte os seus projetos e ambições profissionais e pessoais, ou pais que cuidam de filhos totalmente dependentes… que vida é esta?
Que vida é esta onde os direitos do homem não se concretizam?
Que vida é esta onde a pessoa tem direito a amar, mas não se sente amada?
Que vida é esta onde nem todas as pessoas têm direito a agarrar a sua vida para serem felizes, porque precisam de permanentemente cuidar dos seus para que estes mantenham uma vida com a mínima qualidade?
Apoiemos, sejamos generosos, porque um dia podemos ser nós a estar do lado do cuidador(a) ou do cuidado(a)!
Estas pessoas só merecem o nosso respeito, porque isto sim, é amar incondicionalmente!
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